Olá! O meu nome é Gaspar e eu não sou apenas um guia de turismo; São Tomé e Príncipe é a minha casa. Nasci e cresci aqui, entre o cheiro da terra depois da chuva, o sabor do peixe fresco pescado no mesmo dia e o som das conversas tranquilas do nosso povo.
Muitos de vocês chegam com perguntas, com curiosidade e com o sonho de encontrar um paraíso. O meu trabalho não é apenas levar-vos aos sítios. É partilhar convosco a alma da nossa terra, o nosso “Leve-Leve”. Por isso, quero responder às vossas dúvidas, como se estivéssemos sentados a beber uma água de coco na praia.
“Então, como é a vossa terra? Onde fica este ‘Leve-Leve’?”
Nós vivemos aqui, num pequeno paraíso no coração do mundo, onde a Linha do Equador nos abraça e o tempo tem outro ritmo. Quando vemos os aviões a chegar de Portugal, sabemos que vêm com corações curiosos, prontos para descobrir o que os mapas não contam.
A nossa capital, São Tomé, é o ponto de partida. Mas a verdade da nossa ilha descobre-se nas estradas de terra, parando numa aldeia para dois dedos de conversa, ou seguindo um trilho que acaba numa cascata escondida. Muitos perguntam por autocarros, mas eu digo-vos: a melhor forma de sentir a nossa ilha é num jipe, sem pressa. É assim que nós vivemos.

“É preciso muito para vos visitar? A papelada e os vistos.”
Nós gostamos de receber, por isso queremos que seja simples visitar-nos. Para os nossos amigos de Portugal, do Brasil e da Europa, as portas estão abertas sem necessidade de visto para quem vem em turismo por uns dias (até 15 dias). É menos uma preocupação para vocês.
O que pedimos, pela vossa e pela nossa saúde, é que tragam o certificado da vacina da febre amarela. É uma proteção para todos. De resto, o passaporte e um sorriso são os vossos melhores documentos de entrada.
“A vossa casa é segura? E a vida aqui é cara?”
Esta é, para mim, a pergunta mais fácil e a que mais gosto de responder. Sim, a minha casa é segura. Aqui, vocês não são apenas turistas, são convidados. O nosso povo é pacífico, e o nosso maior tesouro é a forma como recebemos quem nos visita. Podem andar à vontade, explorar, conversar. A vossa única preocupação será não quererem ir embora.
Sobre os custos, a vida aqui tem o seu próprio valor. Comer um peixe fresco, acabado de pescar, com banana-pão e fruta doce na sobremesa, custa o preço justo. Uma cerveja nacional, a nossa Creoula, enquanto veem o pôr do sol, não tem preço, mas custa pouco. Para vocês, que vêm de fora, a vossa viagem pode ser tão económica ou tão luxuosa quanto desejarem, mas a autenticidade é sempre de graça.
“Ok, convenceste-me! O que me vais mostrar?”
Ah, agora sim! Esta é a minha parte favorita. Eu não vos vou levar apenas a ver lugares, vou levar-vos a senti-los.
• Sim, vamos à Praia Piscina, mas não só para a fotografia. Vamos no momento certo, quando a maré está perfeita, para que sintam a tranquilidade daquela água protegida pelas rochas.
• Quando vos levar a uma Roça de cacau, não será só para ver edifícios antigos. Será para vocês cheirarem a história, provarem o fruto direto do pé e ouvirem as histórias dos nossos avós, que trabalharam naquelas terras.
• Vamos ver o Pico Cão Grande, claro. Mas quero que o vejam não só como uma rocha gigante, mas como o guardião da nossa floresta mais secreta, o Parque Natural Ôbo.
E depois… depois há os meus segredos. Aquela cascata que não vem nos mapas, aquela família que nos recebe para um almoço em casa, aquele miradouro onde o silêncio só é quebrado pelo som dos pássaros. Mas isso, guardo para quando cá estiverem.
São Tomé e Príncipe não é um destino para se “tirar” de uma lista. É um lugar para se sentir, para se viver e para se levar no coração.
Espero por vocês, para vos mostrar a minha casa.
Com o abraço amigo do vosso guia em São Tomé,
[Gaspar Santorini ]